• ENCONTRO IMPASSÍVEL

    ENCONTRO IMPASSÍVEL

    A gente não queria acabar sem sentido Ela uma flor Eu um qualquer Daqueles que conjuga qualquer Até pergunta os destinos para uma flor

    http://juizopoetico.blogspot.com/2011/05/encontro-impassivel.html
  • MYSTIC UNWORTHY

    MYSTIC UNWORTHY

    Melting and running the remembrance Where went my heart... Of meat, in other stretcher Of thought, in other walk...? You Yourself Lived comming Locked the door Dos not give me with consente Under scream and protests Arranged nices offences

    http://juizopoetico.blogspot.com/2010/02/segredo-semiotico-de-nos.html
  • SEGREDO SEMIÓTICO DE NÓS

    SEGREDO SEMIÓTICO DE NÓS

    Tamborilar uma vaga constância Feita na partitura do comportamento Todavia se realiza na freqüência que meu povo vibra Entre, as palavras, tanto Ora, olhares, seja

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A CASCA OCRE NO SORRISO DA MINHA VÓ



            Sabem aquele amarelo de uma variação até perder a visão de amarelo? Ele traz-me na lembrança a cor de um pão. Dentre as matizes dessa cor, sou compelido por aquela que mais aparece para mim, que mais me surge. É a cor ocre. Que ainda é o amarelo. Só. Que. É. Ocre. Ocre me lembra passado, que lembra minha vó. Vó é reminiscência. E a minha então? Vixi.

Ela era meio ocre e fazia piadas e brincadeiras com diálogos que criança não entende bem. Todavia era uma velha que você quer ficar perto. Uma pessoa cheia de "Tchans".Tchans curiosos e energizantes. Enfim.

Um dia, por motivo de um filme que assistimos juntos, ela narrou a imaginação de um pão. Era um pão desses que me lembra a cor ocre. Encenou com dois garfos e dois pães. Reproduziu a encenação de Charles Chaplin. Ela fazia uma fala que gravei no coração e entendi depois. Nessa oratória ela gesticulava e alterava os tons de voz e dos olhos:

- Eu sou pão. Oi. Nasço de trigo com água. Sou mais e mais em cada mão que me alcança e me faz. Expando e retraio, fico fofo e endureço com outras mãos por conta de possíveis aditivos que tem na mente das mãos.  Tem mãos que me fazem mais e mais com seus apertos e líquidos e fragrâncias e gostos - que absorvo na minha massa. E me asso em qualquer fogo que tenha temperatura adequada ao momento do amasso. Sou assim, o fulano que povoa as sociedades através de seus momentos importantes. Sou quase amor. Creio que sou estrela requisitada em qualquer momento, dentro de momentos  que requisitam comemoração. Veja bem! As vezes não estou na luz da vida e sou dela apenas um nutriente. E é quando eu me refaço por dentro daqueles que me fazem. Refeito para a terra, adubo outro pé de trigo que me faça ser pão  -  o mais rápido possível. E nesse momento estou nesse caminho. Espero ir pra sua boca. Meu único caminho na vida. Sua boca. Boca... Boca... Abre a Boca... Alô. Alo. Alo ÊEEE. Alo ÊEEE.

Aí dançávamos, comíamos os dois pães. Cada um com seu garfo vestido de pão.
Mastigávamos e ríamos e, lembrando agora, aquelas casquinhas do pão, quando grudadas nos dentes da vó e expostas por um sorriso, ficam ocre.
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